O futebol é um esporte que transcende fronteiras, culturas e idiomas. É uma atividade que pode unir pessoas de diferentes origens e nacionalidades em torno de um objetivo comum: vencer o jogo. E, em um primeiro momento, esse jogo tão popular tem o poder de igualar todos os seus jogadores, propiciando que o duelo aconteça nos limites das quatro linhas do campo. Infelizmente, apesar de sua capacidade de unir as pessoas, o futebol também é um terreno fértil para o racismo. Uma prática nefasta, absolutamente incompatível com o mundo do século XXI.

Dentro do microcosmo do futebol, o racismo pode assumir várias formas, desde insultos verbais até comportamentos violentos em campo. Jogadores negros, árabes, asiáticos e de outras origens étnicas são frequentemente alvos de racismo por parte de torcedores, treinadores e até mesmo outros jogadores. O racismo no futebol não é um problema novo, mas continua a ser uma questão preocupante que afeta o esporte em todo o mundo, renovando-se cotidianamente e expondo a fragilidade das legislações internacionais que abordam (ou não) o tema ao redor do mundo.

Nos últimos dias, o caso ocorrido com o jogador brasileiro Vinicius Jr chamou a atenção de todo o mundo. Ao som de palavras de ordem preconceituosas e ofensas racistas, o atleta chegou a ser expulso de campo por decisão “equivocada” do chamado VAR, o árbitro de vídeo. O brasileiro sofreu uma gravata por parte do jogador adversário e usou as mãos para tentar se livrar da agressão, o que teria motivado sua penalização. Analisando as imagens, a Liga Espanhola (La Liga) anulou a expulsão do brasileiro, afastou os árbitros e puniu severamente o Valencia, time cujos torcedores se portaram de forma racista.

O racismo no futebol tem várias consequências negativas. Em primeiro lugar, prejudica a imagem do esporte e pode afastar os fãs que não querem associar-se a comportamentos racistas. Em segundo lugar, tem um impacto negativo na autoestima dos jogadores que são alvo de racismo. Isso pode afetar seu desempenho em campo e sua capacidade de desfrutar do esporte que amam. Além disso, o racismo no futebol pode criar tensão entre jogadores de diferentes origens étnicas, o que pode prejudicar a coesão da equipe.

Em que pese existam várias iniciativas para combater o racismo no futebol e as organizações esportivas, como a FIFA e a UEFA, terem políticas rígidas contra o racismo, há uma dependência das legislações de cada país que muito interfere no enquadramento desse tipo de conduta. Na Espanha, por exemplo, em que pese criminalizadas condutas consideradas “de ódio”, o racismo, em si, não é considerado como um prática criminosa. Entraves como esse dificultam a punição dos envolvidos no caso do jogador Vinicius Jr e, até, acabam por encorajar os delinquentes que insistem nesta prática.  

Em última análise, a luta contra o racismo no futebol é uma responsabilidade compartilhada. Todos, desde as organizações esportivas até os fãs e jogadores individuais, devem trabalhar juntos para criar um ambiente de jogo inclusivo e livre de racismo. O futebol tem o potencial de unir as pessoas e promover a diversidade e a inclusão. É importante que todos trabalhem para garantir que isso aconteça. Campanhas de conscientização, como a No to Racism, da UEFA, ajudam a educar o público sobre o impacto negativo do racismo no esporte e na sociedade em geral. Para que deixe de ser uma questão de segurança pública, o único caminho é se tornar uma questão básica de Educação.

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