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Uma discussão bastante recorrente nos tempos contemporâneos está na grande insegurança ou dificuldade do indivíduo em fazer escolhas. Poucos tem dentro de si o DNA da liderança, cuja força motriz está alicerçada no comando de ações e na tomada de decisões cuja amplitude varia desde simples opções meramente interlocutórias até guinadas de rumo com consequências naturalísticas importantes na vida de diversas pessoas. Atualmente, o próprio universo em que vivemos impõe essas bifucarções de rotas cotidianamente, o que tem gerado muita angústia em grande parte da população.

A falta de opção induz à parcial obrigatoriedade na escolha, o que, para o mais ansioso pode representar um verdadeiro alívio, simplesmente pela retirada de si do ônus da escolha, o qual vem acompanhado de suas inevitáveis consequências. Ao contrário, o que se observa no cenário atual é o excesso de opções, muitas vezes até próximo do limite da saturação, oferecendo à pessoa comum um cardápio tão variado que, em muitas situações, acaba gerando confusão e, diante da indecisão, um profundo estado de agonia como exasperação de uma crise de ansiedade.

Esse tipo de aflicação típica da última década tem surpreendido de forma mais severa os moradores de pequenas localidades, ou ainda, de regiões mais afastadas dos grandes centros. Notadamente, aqueles acostumados com grandes regiões metropolitanas já vieram – em longo processo de muitos anos – a crescente oferta do mais variado leque de produtos e serviços, a alguns poucos quilômetros de seus lares, custando-lhes apenas o trabalho do deslocamento rápido, próximo e, muitas vezes, barato. Aos moradores de localidades menos centrais, o impacto foi mais abrupto e substancialmente impactado pela Pandemia de Covid-19, a qual acabou revolucionando o chamado comércio eletrônico.

Gigantes nacionais e multinacionais por trás de eficazes aplicativos de comércio e entregas acabaram disponibilizando o mundo na ponta dos dedos de milhares de pessoas. Essa democratização do acesso a praticamente qualquer produto ou serviço culminou exatamente no ponto em que discutíamos no início deste texto. O excesso de disponibilidade tornou a escolha um ato extremamente mais complexo do que o era há anos. Justamente porque, nos tempos atuais, já não tem tanto lastro o argumento da falta de opção como motivação primária de nossas escolhas. Ao contrário, não ter um caminho a seguir, como supedâneo motivacional do conformismo deixa de ser uma opção, passando a escolha assertiva pelos louros e aplausos, ou pela crítica e resiliência.

Dentro desse panorama, é crível conceber que o mundo oferece, cada vez mais renúncias para cada escolha. E essas renúncias certamente induzem, juntamente com a escolha mais adequada, às consequências diretas e indiretas da decisão, as quais, nos termos das linhas anteriores, traduzem-se por louros e aplausos, representando o reconhecimento pessoal ou individual, ou a contemplação exarada por terceiros, respectivamente. Diante da escolha avaliada como equivocada, exsurgem os conceitos da autocrítica, quando dentro do plano individual, ou ainda, da resiliência, a qual advém do aceite ou processamento pessoal das críticas alheias.

De toda forma, enquanto os líderes natos ostentam o preparo necessário para enfrentarem as pressões e angústias inerentes às decisões, é preciso dar aos demais – que representam a grande maioria da população – o supedâneo e o apoio para que transponham mais esse obstáculo inerente à contemporaneidade. Afinal, aos bem equilibrados psicoemocionalmente, a pluralidade de escolhas é uma benece e não um motivo de tristeza ou angústia.

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